Tem-me a tempestade dos dias correntes assolado a tranquilidade de quem olha para o tempo e vislumbra com nitidez a esperança de um dia seguinte pleno de energia e criação entre a pausa e a exuberância.
O que me deixa na incógnita fronteira do pânico é o temporal que me provoca o lapso. Quando a importância muda de lugar com uma veemência insuportável. Quando tudo o que existe em mim e na minha fortaleza quotidiana se faz desaparecer num ápice. Quando um corpo ferido eclipsa a totalidade que dá textura ao quotidiano de quem vive na turbulência das palavras.
A razão da resistência consolida o objecto do foco que ilumina a perturbação e tudo em volta é envolvido por um vapor que vai desaparecendo na translucidez do desinteresse e até do esquecimento.
Quando amamos não nos queremos expor a essa perturbação que nos afasta de tudo. Recuperar um corpo atacado por uma dilação da saúde é a única e imperativa predisposição a que nos entregamos. E tudo o resto arrefece. Até a paixão que vitaminiza o calor dos dias do poeta gela sem qualquer concessão à dúvida.
E tudo só voltará a essa normalidade instável e saborosa da criação e da recriação das ideias quando o acidente de quem amamos (e fiquemos só por acidente) se desvanece no ritual da medicina e se reacende a luz transcendental de tudo o que nos faz falta para acreditar na nitidez de um dia seguinte pleno de energia e criação entre a pausa e a exuberância.

The storm of the current days has devastated the tranquility of those who look at the weather and clearly glimpse the hope of the next day full of energy and creation between pause and exuberance.
What leaves me on the uncertain edge of panic is the storm that causes me to lapse. When importance shifts with unbearable vehemence. When everything that exists in me and in my daily fortitude disappears in a flash. When a wounded body eclipses the totality that gives texture to the daily life of those who live in the turbulence of words.
The reason for resistance consolidates the object of the focus that illuminates the disturbance and everything around is enveloped in a vapor that disappears in the translucence of disinterest and even oblivion.
When we love, we don’t want to expose ourselves to this disturbance that distances us from everything. Recovering a body attacked by a decline in health is the only and imperative predisposition we give ourselves to. And everything else goes cold. Even the passion that vitaminizes the heat of the poet’s days freezes without any concession to doubt.
And everything will only return to that unstable and tasty normality of the creation and re-creation of ideas when the accident of the one we love (and let’s just say accident) fades into the ritual of medicine and the transcendental light of everything we need to believe in the clarity of a next day full of energy and creation between pause and exuberance is rekindled.

La tempête de ces derniers jours m’a privé de la tranquillité de celui qui regarde la météo et entrevoit clairement l’espoir d’un lendemain plein d’énergie et de création, entre pause et exubérance.
Ce qui me laisse sur le bord incertain de la panique, c’est la tempête qui me fait perdre pied. Quand l’importance change avec une véhémence insupportable. Quand tout ce qui existe en moi et dans ma force d’âme quotidienne disparaît en un éclair. Quand un corps blessé éclipse la totalité qui donne sa texture au quotidien de ceux qui vivent dans la turbulence des mots.
La raison de la résistance consolide l’objet de la focalisation qui éclaire la perturbation et tout ce qui est autour est enveloppé d’une vapeur qui disparaît progressivement dans la translucidité du désintérêt et même de l’oubli.
Quand on aime, on ne veut pas s’exposer à ce trouble qui nous éloigne de tout. Récupérer un corps attaqué par le déclin de la santé est la seule et impérative prédisposition à laquelle on s’abandonne. Et tout le reste se refroidit. Même la passion qui vitamine la chaleur des jours du poète se fige sans concession au doute.
Et tout ne reviendra à cette instable et savoureuse normalité de la création et de la re-création des idées que lorsque l’accident de l’être aimé (et disons accident) s’estompera dans le rituel de la médecine et que se rallumera la lumière transcendantale de tout ce qu’il faut pour croire à la clarté d’un lendemain plein d’énergie et de création entre pause et exubérance.